Altos e baixos: Lauri Ylönen sabe como é chegar ao topo e cair muitas vezes – Helsingin Sanomat17/4/2025 No último sábado, dia 12, foi publicada uma matéria no jornal finlandês Helsingin Sanomat onde Lauri fala um pouco da trajetória de altos e baixos do The Rasmus, do seu início de carreira e o abandono dos estudos e da sua aventura no ramo da construção civil - que lhe custou muito dinheiro e um pouco dos seus nervos. Abaixo segue a tradução na íntegra! ;D No outono de 1999, um famoso cantor de rock entrou pelas portas da Escola Comunitária de Töölö. Lauri Ylönen teve que implementar o plano B aos 20 anos. A banda de Ylönen, Rasmus, tinha se tornado uma das bandas mais populares da Finlândia em cerca de quatro anos. Foram lançados três álbuns, cada um dos quais vendeu mais que a marca de disco de ouro. Depois disso, sua popularidade diminuiu. Os salões não ficavam mais lotados nos shows. O baterista da banda também decidiu sair. Ylönen teve que solicitar assistência social e então decidiu continuar seus estudos secundários inacabados em uma escola para adultos. E agora ele estava andando pelo saguão da Escola Comunitária de Töölö com papéis nas mãos, imaginando onde deveria deixá-los. Lauri Ylönen completa 46 anos nesta primavera. Mas quando ele aparece na esquina do escritório da gravadora em Helsinki, ainda é fácil reconhecê-lo como o mesmo personagem que, quando adolescente, cativou os jovens no final dos anos 1990. Mesmo que ele tenha barba crescendo no rosto e o sol americano o tenha bronzeado uniformemente ao longo dos últimos 13 anos. Ylönen morou primeiro na Califórnia, depois no Havaí e, mais recentemente, na Flórida, por três anos. Atualmente, ele é cidadão da Finlândia e dos Estados Unidos, mas ele e sua família em breve se estabelecerão permanentemente na Finlândia novamente. O retorno para casa foi influenciado pelas rápidas mudanças no clima político dos Estados Unidos e, ainda mais, por razões familiares. "Acabei de enviar uma mensagem para a minha mulher dizendo que é maravilhoso estar aqui, onde os motoristas param em frente à faixa de pedestres", diz Ylönen. No saguão da Escola Comunitária de Töölö, Ylönen mudou de ideia. "Então me virei e fui embora ensaiar". Ylönen se tornou um dos artistas de rock finlandeses de maior sucesso de todos os tempos. Pouco depois dele abandonar os estudos, o Rasmus adicionou o artigo "The" ao seu nome. Veio um contrato de gravação internacional, e logo veio o estrelato. A fama e o dinheiro vieram junto. Além dos destaques, houve altos e baixos nas vidas do The Rasmus e de Lauri Ylönen. Em 2003-2004, a banda estava no auge de sua popularidade. In the Shadows foi um grande sucesso no mundo todo, e o álbum Dead Letters alcançou o top 10 em vários países, até mesmo na Grã-Bretanha. No entanto, o trabalho duro exauriu a banda e, embora os shows fossem bem frequentados, eles não conseguiram repetir o sucesso nos álbuns seguintes. A música assumiu tons sombrios. Ylönen começou a usar álcool para aliviar o estresse e nem sempre se sentia muito bem. "Era divertido naquela época, mas também havia preocupações", diz Ylönen agora. "A época dos primeiros discos foi como a infância. A vida começou a se desenrolar aos poucos". A vida adulta costuma ser dolorosa para uma figura pública. Ylönen escolheu a carreira de artista, mas no início ele não entendia o que isso poderia significar. "Eu me senti mal quando estava andando na rua e uma gangue gritou insultos e quis me dar um soco. Eu pensei: 'O que eu fiz com vocês? Eu só estava fazendo música'", diz Ylönen. "Felizmente, não existiam redes sociais naquela época". Embora o The Rasmus tenha desaparecido do topo das paradas internacionais, ele continuou suas atividades e fez turnês pelo mundo. Na Finlândia, porém, isso passou despercebido por muitos porque a banda não era vista com muita frequência nos palcos do país. Além disso, os membros viviam em continentes diferentes na época. Ylönen morava no Havaí, o guitarrista e co-compositor Pauli Rantasalmi em Singapura, o baixista Eero Heinonen na Austrália e o baterista Aki Hakala na Finlândia. Quando a pandemia do coronavírus começou na primavera de 2020, o The Rasmus estava se apresentando no México, onde eles têm uma grande e fiel base de fãs há anos. Logo ficou claro que não seria possível encontrar as pessoas, e muito menos continuar fazendo shows. Ylönen sentiu então que o The Rasmus poderia deixar de existir. A banda ainda tentou fazer novas músicas remotamente: o produtor musical de Londres e a gravadora de Estocolmo estavam no ringue. Mas os problemas com a diferença de fuso-horário não poderiam ter sido piores. "Isso foi bem profundo. Quando alguma coisa começava a me irritar, eu desligava a câmera e enviava uma mensagem de texto curta. No processo criativo, devemos trabalhar juntos e brincar um pouco com algumas dessas ideias ruins, porque às vezes alguém inventa algo, toca e então a mágica acontece. Aí todo mundo simplesmente dizia que a minha ideia era boa". No entanto, para Pauli Rantasalmi, que já vinha refletindo sobre sua própria motivação há algum tempo, a dolorosa tarefa do trabalho remoto selou a decisão. O guitarrista que criou sucessos com Ylönen deixou o The Rasmus. Ylönen já havia feito um álbum e lançado alguns singles solo durante as pausas do The Rasmus. Ele queria tentar a sorte como artista solo no UMK 2022, a seletiva finlandesa para o Eurovision Song Contest. O álbum Black Roses do The Rasmus havia contado com a participação do hitmaker americano Desmond Child como compositor externo. Ylönen então pediu que ele o ajudasse no Eurovision. Child foi um dos compositores pop de maior sucesso da década de 1980. Seus trabalhos incluem I Was Made for Lovin' You, do Kiss, Livin' on a Prayer e Bad Medicine, do Bon Jovi, e Livin' la Vida Loca, de Ricky Martin. Livin' in a World Without You, de Child, Ylönen e Rantasalmi, é a segunda música mais ouvida do The Rasmus no Spotify. Child achou que a ideia da música solo de Ylönen era idiota. "Desmond disse para eu calar a boca. Disse que eu tinha uma banda muito boa, que eu iria colocar tudo em ordem e iria para lá com o The Rasmus". A banda então contratou Emilia "Emppu" Suhonen como sua nova guitarrista e se classificou para o Eurovision com a música Jezebel. No entanto, terminou em 21º lugar na final. "Pode-se dizer que eu cresci numa espécie de bolha". Apesar da colocação modesta, a carreira do The Rasmus parecia estar em ascensão novamente e havia muita demanda por shows. No entanto, Lauri Ylönen, sempre entusiasmado com novas ideias, já havia se aventurado muito além do mundo da música no final da década de 2010: na arquitetura e na construção civil. E isso acabou se tornando uma aventura. Ylönen não tinha nenhuma formação em projetos de construção, mas conforme foi crescendo passou a se interessar por arquitetura. Em suas turnês, ele queria ver prédios projetados por arquitetos famosos. Ao mesmo tempo, ele aprendeu a usar programas 3D, o que lhe permitiu projetar suas próprias casas imaginárias. Projetar casas desviou os pensamentos de Ylönen de seu trabalho principal. Como uma pessoa impulsiva, ele acabou fazendo programas de TV motivado por seu hobby terapêutico. Neles, ele projetou casas dos sonhos para outras figuras públicas, que até chegaram a ser construídas. Como Ylönen era apenas um entusiasta da arquitetura, ele tinha um arquiteto de verdade como sócio. Dessa forma, os projetos poderiam ser implementados de acordo com as regulamentações. Casas foram projetadas e algumas foram construídas, mas no final, nada se sustentou. A construtora contratada faliu. Projetos de construção concebidos com base nas ideias de Ylönen e comercializados sob seu nome fracassaram — de forma bastante concreta. No verão de 2021, um projeto residencial em Porvoo foi demolido, permanecendo inacabado devido à falência. No final, a vista era como em Gaza ou Mariupol, na Ucrânia. Ylönen vendeu sua parte na empresa de design, mas assumiu o pagamento das dívidas com suas garantias pessoais. O valor de sua dívida hipotecária aumentou para 300 mil euros. No total, Ylönen diz que perdeu quase dois milhões de euros. Ele admite que poderia ter deixado para trás o investimento no projeto imobiliário. "No sentido de que tirou todos os meus bens e quase toda a minha sanidade". Ele diz que superou o pior com o apoio de amigos, familiares e da banda. Embora Ylönen estivesse envolvido no ramo musical há muito tempo e tivesse o controle financeiro de sua banda, onde tomava decisões sobre grandes somas de dinheiro, os padrões no setor da construção civil foram uma surpresa para ele. "Pode-se dizer que eu cresci em uma espécie de bolha", diz Ylönen. "Eu estive em uma banda a vida toda, com pessoas em quem eu confiava e com um empresário em quem eu confiava. Aí eu comecei esse trabalho, onde eu confiei em pessoas desonestas. E eu me ferrei porque não imaginei que algo assim pudesse acontecer. Mas, mesmo que você erre às vezes, você tem que se recompor e tentar seguir em frente". Agora Ylönen e o The Rasmus parecem ter outra batalha difícil pela frente. A banda assinou um contrato com a Better Noise Music nos EUA, e um novo álbum será lançado ainda este ano. The Rasmus retornará aos Estados Unidos após uma longa pausa em meados de abril. Uma longa turnê pela Europa está programada para o outono. Para começar, o The Rasmus também fará shows na Finlândia pela primeira vez em muito tempo. Apesar dos contratempos, o plano A de Lauri Ylönen funcionou. Mas ele não recomenda a ninguém abandonar o ensino médio. Fonte: Helsingin Sanomat Redator: Ilkka Mattila Fotos: Juha Salminen Tradução e postagem: Misael Beskow
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