|
Na sexta-feira passada, saiu uma entrevista com o Lauri no site peruano Worked Music, onde ele fala um pouco sobre como está sendo para ele voltar a morar na Finlândia depois de tantos anos vivendo nos Estados Unidos, sobre o lançamento do álbum Weirdo e de como ele ressignifica a estranheza como algo positivo. Além disso, ele comenta como a banda vem conquistando novos ouvintes ao mesmo tempo em que mantêm o seu público fiel. Confira abaixo a entrevista traduzida na íntegra! ;D Com mais de três décadas de carreira, The Rasmus prova que a reinvenção é parte de sua essência.
O The Rasmus é uma dessas bandas que conseguiu transcender a passagem do tempo sem perder sua identidade. Da Finlândia para o mundo, o quarteto construiu uma carreira sólida que combina atmosferas sombrias, melodias imediatas e uma autenticidade que os tornou uma referência no rock europeu. Sua história, marcada pela perseverança e pela capacidade de se reinventar, encontra um novo capítulo com Weirdo, seu décimo primeiro álbum de estúdio. Mais do que um simples lançamento, Weirdo se apresenta como uma declaração pessoal e coletiva. Suas músicas combinam guitarras mais pesadas, colaborações internacionais e um espírito de celebração do que antes era uma fonte de insegurança: ser diferente. O álbum redefine a estranheza como um valor e demonstra que, após mais de 30 anos de carreira, o The Rasmus continua a explorar territórios musicais sem perder a proximidade com seu público. Nesta entrevista, Lauri Ylönen compartilha a visão por trás de Weirdo, seu retorno à Finlândia e como a banda permanece criativamente ativa. Uma conversa que reflete não apenas o presente do The Rasmus, mas também sua capacidade de continuar se conectando com novas gerações de ouvintes. Como você está? Muito bem. Neste momento estou na Finlândia. No verão voltei para o meu país de origem. Estou muito feliz. Está muito escuro aqui e chove bastante, do jeito que eu gosto. Entendo. Você está feliz por estar de volta à sua cidade natal? Na verdade, não estou na minha cidade natal, mas sim no meu país. Me mudei um pouco para o interior. Eu queria ter esse tipo de vida tranquila e uma base em paz, porque minha vida costuma ser muito agitada: sempre em turnê ou trabalhando em estúdios em lugares diferentes. É bom estar de volta à Finlândia. Há muita natureza onde eu moro; é um ambiente muito puro, limpo e silencioso. Você sente que está se reconectando com suas raízes de alguma forma? Sim, de fato. Tenho visto muitos dos meus velhos amigos, muito mais do que nos últimos anos. Tudo me parece familiar, obviamente. Fiquei fora por apenas 11 anos. Morei nos Estados Unidos durante esse período e sei como a Finlândia funciona, como as pessoas são e como se comportam aqui. Não é nenhuma novidade para mim. Na verdade, voltar é muito reconfortante e seguro porque conheço essas pessoas. Essa é a minha gente. Isso parece muito especial. Bem, Lauri, estamos aqui por causa do seu lançamento recente. Vocês acabaram de lançar "Weirdo", seu novo álbum. Parabéns! Você está feliz com ele? Sim, estou. O álbum foi lançado na sexta-feira passada, e também começamos a turnê nesse mesmo dia. Fizemos o primeiro show aqui na Finlândia e conhecemos fãs de todos os lugares: México, Alemanha, Reino Unido, de vários lugares. As pessoas queriam estar no primeiro show da turnê em Tampere, aqui na Finlândia. Foi ótimo conhecê-los e receber suas primeiras impressões sobre as músicas. Eles já tinham suas favoritas. É sempre bom encontrar os fãs. Somos bastante acessíveis e as pessoas geralmente se animam a conversar conosco. É muito legal. Claro. A maior parte do seu público cresceu com vocês; geralmente, eles estão na faixa dos 30 ou 40 anos. Eu, pessoalmente, sou um grande fã do The Rasmus: lembro-me de ter 12 anos e ouvir os seus álbuns no volume máximo. Agora estou prestes a entrar na casa dos 30 e sei que alguns dos seus fãs são ainda mais velhos. Vocês cresceram junto com o seu público. Você sente que ainda estão capturando a atenção de um público mais jovem? Sim. Na verdade, vemos isso em estatísticas, como no Spotify: quem está ouvindo e aonde. É algo curioso, mas gosto de ver esses dados porque cada vez mais jovens entre 20 e 35 anos estão ouvindo. Acho que são as novas músicas que geram isso. É um mistério como funciona, mas é um bom sinal de que novas gerações estão descobrindo nossa música. Parece que temos muito a oferecer se alguém ouve uma faixa e depois vai ao Spotify e descobre que temos 11 álbuns e algumas centenas de músicas. Se você gosta, é um achado incrível, pois você pode passar dias explorando o mundo do The Rasmus e sua longa história. Claro, também há aqueles que nos acompanham desde o início. Eu até conheci alguém na sexta-feira passada no show que tinha ido a um show em 1995, 30 anos atrás, quando tínhamos apenas 15 ou 16 anos. Nós respeitamos muito isso. Qualquer pessoa que goste da música me deixa feliz porque, antes de tudo, eu a faço para mim. Mas é sempre gratificante saber que isso impacta alguém, que alguém se sente mais animado ou esperançoso depois de ouvir nossas músicas. Esse é o maior elogio que alguém pode receber como compositor e artista. Você mencionou que "Weirdo" é o seu 11º álbum. O que ele representa para vocês como banda e qual é a história por trás dele? O título é Weirdo ("estranho"). Essa palavra me acompanhou por toda a minha vida. Quando eu era mais jovem, as pessoas a usavam para me insultar, para me rebaixar por causa da minha aparência ou do meu jeito de pensar. Mas eu sempre mantive meu estilo e continuei lutando. Depois de 30 anos sendo um "weirdo", ainda estou aqui e, na verdade, tive uma vida boa. Eu queria comemorar esses 30 anos e ressignificar a palavra: transformá-la em algo positivo. Prefiro ser estranho do que ser como todo mundo e chato. É importante ser fiel a si mesmo, expressar-se exatamente como você quer e ser autêntico. Essa é a única obrigação que você tem. Acho que vocês sempre celebraram essa estranheza e aqueles que são diferentes. Como você acha que essa ideia evoluiu ao longo desses 30 anos? Quando você cresce e tem mais experiências, ganha mais perspectiva e fica mais fácil aceitar os seus defeitos. Eu costumava ficar obcecado com minhas inseguranças: que sou baixo, que tenho o nariz pequeno, que não sou o melhor cantor, que não sou tão bom quanto outra pessoa... sempre me comparando. Isso é típico de quando você é jovem e está construindo sua identidade. À medida que envelhece, você aprende a relaxar e a não se preocupar tanto. Você chega àquele ponto em que diz: "Não me importa o que você fala". Você ganha confiança. Ainda assim, sinto que não estou completo. Não estou terminado. Ainda tenho muito a aprender, muitos sonhos a realizar. E acho que é uma decisão consciente: não quero estar "pronto". Quero continuar no caminho, porque é muito mais divertido. Acho que nunca paramos de aprender. No dia em que paramos, estamos perdidos. Gostaria de falar sobre o som do álbum. O que o inspirou? Como foi voltar ao estúdio com a banda? Sei que vocês colaboraram com Niko Vilhelm e Lee Jennings, e que o álbum tem cinco videoclipes. Como foi todo esse processo? O som está um pouco mais pesado e forte do que antes. Isso foi intencional: provavelmente porque tenho ouvido músicas mais pesadas ultimamente e escrevi riffs de guitarra que definem o tom. Este álbum é mais centrado na guitarra. E sim, tivemos convidados especiais. Niko, do Blind Channel, um amigo finlandês. Mostramos a música para ele e ele aceitou imediatamente. No dia seguinte, ele já tinha gravado a parte dele; foi incrível. Também tem Lee Jennings, da banda americana The Funeral Portrait. Nós os conhecemos na turnê deles pelos EUA este ano; nos conectamos imediatamente. Convidei-o para participar de Weirdo, e descobrimos que eles têm uma música chamada "Stay Weird", com uma ideia muito parecida. Foi uma ótima coincidência e uma ótima combinação. Eles até se juntarão a nós na nossa turnê europeia; será a primeira vez que estarão aqui. Há músicas que inicialmente achei que soariam muito pop, mas trabalhamos nelas, as tornamos mais potentes e, no final, ficaram muito boas. É bom mostrar meu lado alegre também; nem tudo em mim é triste ou melancólico. E essa diversidade faz parte da minha personalidade. Sim, dá para ver. Agora, sobre os produtores: vocês trabalharam com grandes nomes como Desmond Child e Marti Frederiksen. Como foi a experiência e a dinâmica entre a Grécia e Nashville? Desmond é um velho amigo. Ele entrou em contato comigo pela primeira vez em 2007. Ele é uma lenda: compôs para Kiss, Aerosmith, Bon Jovi, Alice Cooper e muitos outros. Bandas que eu ouvia quando criança. Temos uma tradição com ele: ir a uma ilha grega para compor músicas. É um lugar especial, quase escondido. Já estive lá umas cinco vezes. Marti também foi, e nos conectamos imediatamente, compondo um monte de músicas. Foi muito inspirador, quase como um acampamento criativo. Depois disso, fomos para Nashville, a capital da música dos EUA, e continuamos compondo em seu estúdio. Este álbum nasceu em diferentes continentes e países, mas isso não é algo novo para nós: sempre trabalhamos internacionalmente. Houve uma época em que eu morava no Havaí, Pauli em Singapura, Eero na Austrália e Aki na Finlândia. Era uma loucura coordenar os horários, mas conseguíamos. E agora que a turnê começou, como estão as coisas? Começamos no mesmo dia do lançamento, na Finlândia. Passaremos quatro semanas aqui antes de seguir pela Europa e encerrar no México pouco antes do Natal. O começo foi muito bom. Conhecemos os fãs e ouvimos suas opiniões sobre o álbum. Por exemplo, "Banksy", uma música punk, funcionou muito bem ao vivo; dava para sentir a energia do público. É emocionante tocar as novas músicas pela primeira vez. Em julho, vocês tocaram no Atlas Festival, na Ucrânia, em meio à guerra, num ato de enorme generosidade. Como foi essa experiência? Foi um show beneficente. Arrecadamos fundos para um hospital infantil e trouxemos alegria em meio à crise. Foi muito significativo e me senti orgulhoso de fazer parte da banda nesse momento. Foi assustador, claro, mas tudo acabou bem. Para encerrar, quais são os próximos projetos da banda? Continuaremos a turnê europeia por umas três semanas. Enquanto isso, tentarei arrumar minha casa antes de partir. Depois, voltarei para o Natal, e espero que o Papai Noel chegue com muitos presentes. Fonte: Worked Music Autora: Luzie Fernández Postagem: Misael Beskow
0 Comentários
O seu comentário será publicado depois de ser aprovado.
Deixe uma resposta. |
HISTÓRICO DE NOTÍCIAS
Outubro 2025
CATEGORIAS
Tudo
|
Feed RSS

