Abaixo está a tradução de um artigo publicado ontem no site da revista italiana Retro Magazine, que fala um pouco sobre a história do The Rasmus a exatos 20 anos da primeira apresentação da banda. Agradecimentos ao The Rasmus Hellofasite pela divulgação do artigo. Cada banda está entrelaçada e de mãos dadas com sua canção de maior sucesso: de um lado os músicos sabem que devem muito à ela de todos os pontos de vista, de outro muitas vezes passam a odiá-la. O que poderia ser chamado de "paradoxo do hit comercial" provavelmente soa muito familiar para os membros do The Rasmus, abençoados e amaldiçoados ao mesmo tempo depois do sucesso de "In The Shadows", no final de 2003. Abençoados, porque eles têm muitos fãs graças àquela melodia cativante (mas não por isso superficial). Amaldiçoados, por causa de muitos ouvintes e críticos de música que os confinaram a partir de então a categoria de banda adolescente, ou seja, bons somente para ganhar dinheiro com um par de singles e, em seguida, desaparecerem. The Rasmus, no entanto, não é uma banda adolescente. E eles nem sequer desapareceram, desde que foram esquecidos pelos principais canais de distribuição de música, o que certamente não significa que não prosseguiram com seu próprio projeto (e a meu ver, isso não é necessariamente uma coisa negativa). The Rasmus nasceu em 1994 a partir da mente de Lauri Ylönen, Eero Heinonen, Pauli Rantasalmi e Jarno Lahti. Na época seu nome era simplesmente "Rasmus". A adição do "The" remonta a 2000, quando um DJ sueco de mesmo nome ameaçou processar a banda e, portanto, eles decidiram alterar o nome para não correr o risco de enfrentar problemas legais. A fim de tornar este artigo mais claro, será mais fácil chamá-los a partir de agora de The Rasmus. The Rasmus se apresentou pela primeira vez em 23 de dezembro de 1994, por ocasião do concerto de Natal da escola que frequentavam na época em Helsinki. Antes de a banda completar um ano de vida, no entanto, ocorreu a primeira mudança de formação: Janne Heiskanen substitui Jarno Lahti na bateria. O estilo do grupo recém-nascido, um rock melódico influenciado por elementos do funk, era muito diferente do que é hoje. A mudança será efetivamente um aspecto fundamental do desenvolvimento do The Rasmus, que ao longo dos anos evoluiu seu estilo sempre em novas direções, mas mantendo uma marca original que se sente em qualquer composição, independentemente da tradição na qual ela está inserida. A grande oportunidade chega cedo para o The Rasmus. Em dezembro de 1995 eles gravaram seu primeiro EP, 1st, lançado pelo selo Tega G. Records, e no início de 1996 conseguem obter um contrato com a Warner Music Finland, que o relança e permite que a banda comece a trabalhar no seu primeiro álbum real, Peep, que é publicado em setembro do mesmo ano, quando os membros da banda, todos nascidos em 1979, ainda não tinham atingido dezessete anos de idade. Peep é bem recebido pelos críticos, tanto que a banda ganha um Emma Gaala (Grammy finlandês) como "melhor artista revelação". O sucesso por enquanto apenas se estendia à Finlândia e Estônia, mas o potencial estava lá. Igualmente crucial é o fato de que a maioria das músicas da banda são cantadas em inglês, uma linguagem que permite uma maior disseminação no cenário internacional, ao contrário do finlandês que representaria uma barreira considerável. Em 1997 é publicado Playboys, que não fez nada além de aumentar o sucesso do The Rasmus. Os quatro eram agora conhecidos pelo público em geral, graças ao contrato de patrocínio assinado com a Pepsi, um gesto que lhes atraiu muitas críticas, e que os próprios componentes da banda, anos mais tarde, consideraram quase como um passo em falso, um marketing excessivo. Enquanto isso, outras bandas finlandesas estavam surgindo e dando os primeiros passos no mundo da música. Os nomes que mais tarde seriam os mais famosos são os do HIM, que, em 1997, lançou Greatest love songs vol.666, e Apocalyptica, cujo Plays Metallica by Four Cellos é de 1996. A cena da música finlandesa sempre foi muito viva e nutrida, não apenas pelo clima frio e sombrio que os forçam a encontrar passatempos viáveis dentro de casa, mas também por um sistema de ensino que permite que as crianças entrem em contato com a música desde a infância através de instrumentos que estimulam um maior interesse, mais do que a flauta clássica Aulos 104 que cada aluno italiano teve a honra (e desonra) de segurar em suas mãos. É, portanto, diante de um panorama muito composto que o The Rasmus lançou o terceiro álbum, Hell Of A Tester (1998), o que leva a banda a um ponto de virada que gradualmente os afasta do lado funk da banda para chegar mais perto do rock. O período pós Hell Of A Tester traz mais prêmios para a banda finlandesa, mas é significativo principalmente por duas mudanças fundamentais: a primeira é a transição da Warner Music Finland para a Playground Music, uma gravadora independente fundada na Suécia, que opera em vários países escandinavos e permite que o grupo obtenha cada vez mais o salto de qualidade necessário para estourar; a segunda é a nova mudança de baterista, que vê Janne abandonar o papel para se dedicar à meditação na Índia e Aki Hakala, que até então tinha vendido a mercadoria da banda nos shows, tomar seu lugar. É esta a atitude "definitiva" do The Rasmus, pelo menos até agora. Com estes novos elementos e sob o novo selo, que melhora e aprofunda musicalmente o trabalho do grupo, o The Rasmus lança Into (2001), o primeiro álbum a ser lançado fora das fronteiras nacionais. O maior sucesso, no entanto, sempre esteve em casa. Para o reconhecimento internacional era preciso esperar até 2003 com Dead Letters. Dead Letters, quinto álbum da banda, é um momento crucial. Representa a transição para um estilo mais maduro, introspectivo e honesto do que em trabalhos anteriores. Se do ponto de vista musical o The Rasmus parece ter finalmente encontrado a sua verdadeira voz, do ponto de vista da mudança repentina de imagem, o que pode ser resumido em uma passagem do branco ao preto, parece ser o resultado não só do crescimento pessoal dos vários componentes, mas também, pelo menos em parte, dos ditames da gravadora. O resultado, no entanto, é surpreendente: a nível europeu o sucesso é enorme, a ponto de que muitos se convencem de que Dead Letters é o primeiro álbum da banda. Não só isso: o álbum é realmente válido. Muito válido. E, talvez, dadas as circunstâncias, isto é o que surpreende mais. A desvantagem é que no momento em que o público é efetivamente composto por muitas meninas e mulheres com idade entre 15 a 30 anos, o interesse pela banda é simplesmente categorizado como atração física pelo vocalista, e devido a este fato o grupo parece se esforçar para obter uma credibilidade estável e real. Dead Letters se desenvolve como um álbum conceitual curioso, uma coleção de cartas que o cantor Lauri Ylönen nunca teve a coragem de enviar. As questões de remorso, redenção e expiação estão muito presentes, acompanhadas por músicas melancólicas, mas não tão sombrias quanto a dos seus compatriotas do HIM. O álbum foi impulsionado pelo single In The Shadows, e provavelmente é essa canção que faz acender a chama: a melodia cativante entra nas caixas de som dos jovens e não tão jovens de metade da Europa, a tal ponto que ninguém mais, nem mesmo os falantes nativos do inglês, parece realmente perceber o grito de ajuda que vem da voz angustiada de Ylönen. Esta não é a primeira vez que isso acontece, porém, o The Rasmus não tem (compreensivelmente) nenhuma intensão de reclamar.
Apesar da pressão criada por um sucesso tão grande e à despeito das expectativas malignas de muitos especialistas, o The Rasmus surpreendeu novamente em 2005, com Hide From The Sun. O álbum não atinge o recorde de vendas de seu antecessor, a partir de uma maior maturação tanto no campo pessoal quanto no musical, e que não é o que a banda aspirava. Difícil descrever exaustivamente a mudança de estilo de Dead Letters para Hide From The Sun: provavelmente "crescimento" é, como de costume, o termo mais apropriado. O desenvolvimento musical, no entanto, parece nunca acabar para a banda finlandesa: talvez cúmplice do encontro com Desmond Child, o The Rasmus se aproxima de uma sonoridade suave e etérea que se encontra com frequência na cena do norte da Europa. A partir desta última mistura de influências nasce Black Roses (2008) e The Rasmus (2012, publicado pela Universal após a dissolução do contrato com a Playground Music). Não há dúvida de que o álbum homônimo também foi influenciado pelo trabalho solo de Ylönen, que em 2011 lança New World, que se move numa sonoridade semelhante. Como se pode notar facilmente, a história do The Rasmus não é linear nem previsível. Desmantelados pelo seu próprio sucesso, criticados não tanto por uma falta de originalidade na composição, quanto pela média de idade do público nos shows (critério um tanto questionável, especialmente quando aplicado a partir de fontes consideradas autoritárias), o The Rasmus parece ter tido a sorte/azar de encontrar a sua própria identidade musical no momento certo, quando a cena musical internacional precisava deles exatamente dessa forma. Felizmente, porque isto tem assegurado o seu sucesso inteiramente merecido; infelizmente, porque estar presente na hora certa e no lugar certo pode ser muitas vezes classificado como apenas mais um show de horrores criado especificamente pela indústria da música. E se isso muitas vezes corresponde à realidade, é uma amarga constatação como tal julgamento prévio é, por vezes, costurado para a banda que, ao contrário, merece todo o reconhecimento. AQUI você pode consultar a página do The Rasmus na Wikipédia. Aqui você pode visitar o SITE OFICIAL do The Rasmus. Fonte original: Retro Magazine Créditos: The Rasmus Hellofasite Postado por Misael Beskow, em 23 de dezembro de 2014
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