Confiram abaixo o vídeo e a tradução da entrevista que o pessoal do blog FuteRock fez com o Lauri para a edição de outubro da revista Rock Meeting, enquanto o vocalista estava de passagem aqui pelo Brasil pra promover o álbum Dark Matters. Obrigado ao Charley Gima por gentilmente nos ceder a gravação! ;)
FUTEROCK: Então The Rasmus está de volta depois de cinco anos, certo? O que você fez durante esse tempo? LAURI: Sim, já faz cinco anos desde o último álbum foi lançado. É um longo tempo, pois nós costumamos lançar com muito mais frequência. E nós demos um tempo com a banda porque nós temos nossas vidas pessoais e nós temos filhos; os outros caras, todos eles têm dois filhos. Então era tempo de vivermos essa vida também por alguns anos. E eu me mudei para Los Angeles faz três anos. Foi uma grande mudança deixar meu país natal. F: Você virou um skatista, um surfista? L: (Risos) Sim, eu tenho surfado um pouco. Eu quebrei meu ombro... F: Sério?! L: Na verdade eu quebrei a prancha em duas partes. Isso foi realmente um grande acidente. Mas nós fizemos outras coisas e agora nos últimos dois anos nós estávamos escrevendo um novo material para este novo álbum. Agora está lançado. F: Certo. Bom, eu vi... eu escutei algumas músicas e estão boas. L: Obrigado! F: E esse tempo fora, para você, o que isso trouxe para Dark Matters? L: Esse tempo todo fora? F: Sim. L: Bom, eu sempre tenho escritos músicas como… como se eu estivesse escrevendo um diário da minha vida. Então todas as músicas têm dois significados e elas são sobre alguma situação ou coisas que aconteceram comigo; na minha vida, e uma grande coisa, claro, nos últimos cinco anos foi porque eu me mudei pra um novo pais e isso foi muito sentimental pra mim; isso foi meio triste. Eu me senti com saudades de casa, mas, ao mesmo tempo, eu me senti "Wow!". Isso é uma grande oportunidade de estar em uma nova cidade gigantesca, cheias de oportunidades. Eu comecei a encontrar muitas pessoas. Eu tenho me encontrado com cineastas legais de filmes, fotógrafos, pintores, pessoas do ramo da música; coisas assim. Eu estou realmente feliz que eu fiz essa mudança. Mas isso foi um bom material para composição de músicas também. F: Certo, certo. Então você sempre escreve sobre coisas reais, sobre suas experiências. Você nunca tentou imaginar situações para escrever letras de músicas? L: Sim, claro que eu uso bastante a minha imaginação quando eu escrevo coisas e muitas vezes eu tenho como metáforas que eu cubro tudo, mas... mas eu gosto disso, do verdadeiro significado nas músicas e, você sabe, alguma coisa que é muito real porque sou eu depois de vinte anos quem vai cantar aquelas músicas... F: Sim! L: ... Nos palcos, como por exemplo, em "In the Shadows". Esta canção; nós temos que tocar toda vez que estamos nos palcos. Quero dizer, os fãs ficarão loucos se nós não tocarmos. Então você sabe... F: É o seu legado, certo? L: Sim. É como, você sabe; isso é como eu me sentia em 2002 quando eu escrevi a música. E talvez eu tenha mudado, talvez uma pessoa um pouco diferente agora, mas isso é ainda parte de mim e como eu era … Então, você sabe. Ou a primeira música que eu tinha escrito para a The Rasmus, chamada "Myself", e ela foi escrita quando eu tinha quinze, dezesseis anos. Eu estava na escola, eu tinha meu mundo lá acontecendo. Era um mundo muito pequeno e eu tinha meu skate, e tinha meus amigos, minhas brigas e minha namorada. Que seja, mas eu estava escrevendo sobre aquele momento e foi realmente honesto. E agora isso parece um pouco engraçado quando eu escuto a faixa... F: Mas era seu momento. L: ... Mas aquilo era real. F: Bom! E você ainda vive na Califórnia? L: Sim. F: Certo. Então você sentiu alguma diferença na sua região sobre a mudança de presidente? L: Sim. Todo mundo esta falando, claro, que... F: Se você não quiser falar sobre isso, tudo... L: Sim, todo mundo está falando sobre Trump e da merda que ele tem feito. Isso é complicado. Eu sinto, especialmente, meus amigos americanos. Eles estão muito envergonhados dessa situação. E isso não é culpa deles. Quero dizer, eles levam isso a sério e eles estão como “Por que você se mudou para cá? Você deveria ter ficado na Finlândia. Você sabe, é muito melhor lá.”, mas na Finlândia nós temos outros problemas e... sim, o mundo está se tornando um lugar bastante doido. F: Como um estrangeiro nos Estados Unidos, você sente alguma diferença? L: Para mim, eu não senti muito das diferenças como um estrangeiro nos EUA. Talvez isso é apenas se você está tentando conseguir algum visto ou fazer um show lá. Mas, mas eu sou um residente lá. Então eu não tenho esse problema. F: Bom! Então não há barreiras pra você. (Risos) L: Não há barreiras, mas... sim, nós acabamos de vir do México antes disso… é como se eles estivesse realmente putos da vida, claro. F: Ok, vamos falar de Dark Matters. O que você pode nos dizer sobre o processo inteiro de escrever, de compor este álbum? L: Nós estamos escrevendo esse álbum por um longo período de tempo. Eu acho que... três anos atrás nós começamos. Juntando as músicas e... F: É quase como Guns 'n Roses fez. L e F: (Risos) L: Sim. Algumas vezes isso leva tempo. Mas eu acho importante passar um tempo com moderação na composição das músicas. Pelo menos isso é o que nós fazemos. Nós tentamos deixar todas as músicas prontas e nós temos todas as letras escritas e tudo mais. E as músicas estão ,tipo, prontas pra tocar no violão aqui e agora. E então quando nós estávamos nesse ponto, nós começamos a procurar pelo estúdio e pensar em produção; como elas deveriam soar e nós encontramos esse ótimo grupo de produtores na Suécia chamado "The Family". Na realidade são 2 caras e 1 garota. E eles foram a combinação perfeita para nossa banda porque eles também tem uma experiência em rock e metal. Eles tem participado em diferentes bandas antes... F: Essa não foi a primeira vez que vocês trabalharam com eles? L: Sim, essa foi a primeira vez que encontramos com eles e nós fizemos amizade imediatamente. Eu acho que foi uma boa combinação porque eles entendem do mundo pop, do... dos sons modernos, mas também eles tem essa essência de rock e metal e um pouco de provocação; exatamente o que nós temos. Então isso foi uma boa combinação. F: Certo. E você disse sobre o mundo pop, certo? Como você vê a si mesmo na banda? Quero dizer como você vê a música da The Rasmus? Como nós podemos chamá-la? Pop rock, pop music; heavy metal... L: Sim... F: Hard Rock... L: É uma banda pop rock. Nós temos... Nós combinamos coisas, você sabe, rock, pop. Até mesmo um pouco da influência do hip hop pro novo álbum... F: Que... L: Nós temos algo como batidas de tambor que nós nos inspiramos talvez porque eu tenha mudado pra Los Angeles... F: (Risos) L: …Eu escuto o rádio quando estou dirigindo meu carro no trânsito de Los Angeles e é apenas hip-hop. E eu acho que hip-hop tem muita atitude. Não todos, mas alguns deles têm mais até mesmo que algumas músicas de rock hoje em dia. É estranho, mas é um tipo fascinante de mundo. Mas nós sempre temos combinado coisas diferentes e, tipo, tentando coisas diferentes... F: Algo... L: Algumas vezes nós fazemos movimentos errados e tipo, “Oh! Isso não foi uma boa ideia, mas vamos em frente, vamos fazer isso” e isso é tão bonito; estar indo daqui pra frente e não repetindo você mesmo. F: Uhum. Então se eu chamar de pop rock está tudo bem pra você? L: Sim, tudo bem. F: Ótimo (Risos). E Paradise? Essa música, certo? Está é a primeira faixa que ficou em nossa mente, porque é a primeira faixa, certo? L: Uhum. F: Então nos conte o que você considera um paraíso? (Risos) L: Sim, é difícil de dizer o que é um paraíso. Agora eu vivo em Los Angeles que é um lugar ensolarado e belamente limpo. Eu vivo perto do mar e você sabe, o mar, eu vou surfar e andar de skate. Mas então novamente tem seus problemas, o presidente; eles tem muitos mendigos. É como uma linda bagunça. E se eu pensar sobre a Finlândia, eu amo meu país natal. É um país lindo. Uma natureza viva e muitas coisas boas sobre, mas eles também tem seu lado negro. Eu acho que as pessoas são muito ciumentas e invejosas, e isso não é legal. Quero dizer, se você for pra América, as pessoas são bem prestativas como “Uau! Você tem essa banda! Estou tão feliz por você!”. E eles não pensam que isso é distante deles, como se, alguém é bem-sucedido ou coisa assim. Mas na Finlândia é muito típico que as pessoas sejam bem invejosas. É como se fosse um tipo de tensão, eles tem põe freios. Eu acho que na Finlândia tem muitos talentos. Eles apenas não sabem como colocar isso pra fora. Parece que as pessoas são muito tímidas e muito modestas. F: Uhum. Então não há um paraíso 100%. L: Não há um paraíso. F: (Risos) L: Eu acho que o planeta Terra é um paraíso. Eu me considero um cara que vive nesse planeta e é por isso que eu... eu não... Você sabe, nós temos estado em turnê pelo mundo com a banda. Eu tenho visto muitos países diferentes, como setenta países... F: Setenta?! L: Sim. F: Uau! L: Nós temos tocado em quase todos os lugares, exceto... Austrália. F: Vocês querem tocar lá dessa vez? L: Sem planos ainda. F: Sem planos ainda. L: Não. Mas eu espero algum dia. F: Certo. Então fale sobre suas viagens. Vocês estão fazendo essa viagem expressa, certo? Isso é bem incomum agora, vindo para o Brasil, porque é muito caro; apenas pra falar com a imprensa e com seus fãs, suas fan bases. Você acha que é importante você ter essa relação com jornalistas e com seus fãs? L: Sim. Nós pensamos que é muito importante estar aqui agora para encontrar com os fãs. Nós tivemos um Meet and Greet... F: Aham L: ...em torno de cem fãs... F: Uau! L: …dois dias atrás em um bar legal. E nós estávamos ouvindo o álbum juntos, tirando fotos e conversando com os fãs um par de horas. E foi realmente incrível ver essas pessoas depois de tanto tempo e ver como eles sentem nossa falta, quão dedicados eles são. Eles tem tatuagens do The Rasmus e tatuagens do meu autógrafo no ombro. É incrível. E depois do Meet and Greet, eu me senti como em um show, minhas mãos estavam tremendo (Yeah!). Você sabe, a adrenalina e... F: (Risos) L: ...eu realmente estou esperando que voltemos e estamos planejando fazer alguns shows aqui em Maio em 2018... F: Certo, ótimo! Isso ainda é um segredo ou…? L: Nós ainda estamos trabalhando nisso, então... F: Então nós não falaremos disso, certo? Ok? Oh! Porque vocês escolheram o Brasil pra vir? L: Hmm... Bom, nós apenas estamos fazendo uma pequena viagem aqui. Nós fomos para o México... F: Uhum. L: ...que não é tão perto, mas... da Finlândia é mais perto. F: Mas pra você é como entre EUA e Brasil, certo? L: Sim, o México. E então nós vamos amanhã, vamos para a Argentina... F: Uhum L: ... E ,tipo, fazer a mesma coisa. F: Legal. Nós estamos agradecidos que vocês estejam aqui e... Ah! Wonderman! Eu vi esse vídeo hoje... L: Sim, acabou de ser lançado. F: Sim! Ela faz parte da trilha sonora de Rendel. Como esse convite aconteceu? ... L: Sim, ... F: ...Pra fazer parte da trilha sonora? O filme parece ser legal! L: …isso foi uma coincidência engraçada, porque nós escrevemos a música em torno de 2 anos e meio atrás, ... F: Uhum L: … e nós tivemos a ideia como escrever a canção sobre a imaginação de uma criança, como ele, a criança, está criando ela mesma em um alter ego como um super herói para conseguir força e sobreviver. E então ao mesmo tempo tinha um cara na Finlândia que estava fazendo um filme com uma história quase similar que foi como (Agita a cabeça) realmente estranho. F: Que doido! L: Isso tem uma história estranha de qualquer jeito. Então nós conseguimos. Nós encontramos esse cara e nos juntamos, e tínhamos a música como música tema para o filme, e fizemos o vídeo dela na Finlândia há algumas semanas. F: Certo. E você escutou alguma coisa sobre seu lançamento nesse momento ou ainda não tem a resposta dos seus... companheiros de banda ou... L: Não, eu nem ainda vi o vídeo. F: Ainda não?! Ele parece legal! L: Sim. Eu conversei com os jornalistas e tipo (faz careta) eu não dei uma olhada. (Risos) F: (Risos) Por favor, faça isso! (Risos). Certo! Bem, nós conhecemos algumas bandas finlandesas como Nightwish, Stratovarius, Sonata Arctica e Children of Bodom, certo? Também (o festival) Tuska Open Air... L: Sim. F: ... Mas nós não temos ouvido nenhuma banda de rock nova de lá. L: Porque... F: Nesse momento, você sabe o por que essa cena do rock não é, não está virando? Eu não sei como... L: Eu sei o que você quer dizer. Na Finlândia nesse momento é muito comum que o artista comece a cantar em finlandês... F: Uhum. L: …na língua finlandesa. Então isso é a única coisa que eles não podem se tornarem internacionais. E eu sempre digo pra todo mundo lá: Tentem ser, você sabe, internacional. Tentem, porque a Finlândia é mais que um país e 5 milhões de pessoas. Você pode ganhar a vida com música, em turnê pelo país, mas é muito pequeno. F: Uhum. L: Então talvez isso mudará. Eu não sei. F: Há lá novas coisas que você pode nos dizer pra escutar mesmo que eles cantem em finlandês? L: Hmmmm... F: Você recomendaria alguma? L: Eu não consigo pensar em algum rock agora. A maioria é hip-hop. F: Oh! Hip-hop! Você está no hip-hop agora! (Risos) L: (Risos) Sim, eu estou no hip-hop um pouco, mas... mas eu acho que na Finlândia a cena é essa. F: Eu escutei Private Line, de lá. É um rock legal. L: Sim, sim. F: Ok. Oh! Vocês ficaram famosos no Brasil por causa da MTV, certo? E a MTV no Brasil, nós não temos mais. Mas agora todo mundo está conseguindo informação através da internet. Qual a sua relação com a internet? Você vê a internet como um inimigo ou como um aliado? L: Eu penso que é algo bom. Somente coisa boa. Nós temos visto a mudança porque temos estado como banda por 23 anos... F: Legal. L: ...Eu tenho visto isso tão diferente... F: Das fitas cassetes? L: Sim, sim! (Risos) Quase! F: … (Não conseguimos entender o que ele diz. Desculpa. D:) L: Mas então, sim, diferentes faces e eu penso que isso está mudando pra melhor. Algumas vezes isso é difícil. As bandas têm um grande esforço porque as gravações não vendem e então elas começam mais a fazer turnês, e a situação de vida melhora. E eu acho que o rock e as bandas, eles sempre sobrevivem, não tem problema. Eles precisam apenas confiar em si mesmos e manter o que estão fazendo. E eu acho que, por causa da internet, é uma situação melhor para bandas novas porque se eles; se você tiver uma boa música e você gravar em seu quarto no seu notebook, você lança a canção, e se ela for realmente uma boa canção, as pessoas irão compartilhá-la e então se torna... F: Se torna viral. L: Sim, se torna viral. Pode se tornar a maior música no mundo, de graça! Você não precisa anunciar. Essa coisa é um tipo de situação justa. F: Uhum. Você disse que essa é sua segunda vez no Brasil. O que você sabe sobre bandas brasileiras? L: Eu não conheço muitas bandas aqui. Na verdade, eu consegui um ótimo presente de um fã no encontro dois dias atrás, era um memory stick... F: Uhum. L: ...E ele disse algo como “Eu coloquei o melhor da música brasileira. São quinze músicas”, ou algo assim. E eu ainda não tive a chance de escutar porque eu tenho um tipo diferente de computador (risos), mas eu realmente quero escutar o que ele escolheu pra mim porque não são tantas bandas brasileiras vindo pra Europa ou... F: Sim. L: ...eu não consigo encontrar elas tanto quanto, mas claro nós conhecemos Sepultura. São grandes, grandes caras e, sim, na realidade a primeira vez que eu os vi foi tocando no mesmo festival com a gente. Foi em 96... F: Você lembra qual é? L: É na Finlândia. F: Na Finlândia, certo. L: É chamado Messila. Messila é chamado o festival. Não existe mais, mas eles tocaram no mesmo palco conosco e essa foi nossa primeira vez no festival como The Rasmus… F: (Também não conseguimos entender o que o Charley fala. Desculpa mais uma vez. D:) L: Nós vimos Sepultura tocando e nós todos (faz careta) “Uau! Isso é maluco!”. E eu estava tão feliz que eles tinham trazido a herança brasileira, as raízes, e elas podem ser escutadas na música e nos ritmos. Eu acho isso importante para reconhecer quem você é e... F: Nada transforma aqui, certo? L: Sim. Eu tenho certeza que em sua música, você sabe, de onde você veio. F: Certo. Então pra terminar você pode nos deixar uma mensagem para nossos espectadores, por favor? L: Claro! Todo mundo que está assistindo aqui é Lauri do The Rasmus. Eu espero ver vocês na turnê no próximo ano! F: Certo. Obrigado! Neste link vocês podem conferir o compilado dessa entrevista que saiu como matéria na edição de outubro da revista Rock Meeting! Tradução: Jessica Carvalho Fonte: Rock Meeting
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