Na semana passada, Lauri deu uma entrevista para a rádio Ruido Blanco do México, onde ele contou um pouco sobre a sua relação com os dois lugares diferentes onde ele viveu, a Finlândia e o Havaí; as dificuldades com a produção do novo álbum durante a pandemia e como isso também serviu de inspiração ao compor as músicas; e a relação da banda com os fãs e sua ligação com o México além, é claro, das novidades que estão por vir. Abaixo segue a tradução de tudo o que foi falado e no final do post está o vídeo da entrevista! Entrevistador: Lauri, como vai você? Lauri: Bem, bem, estou feliz de estar de volta a Helsinki, Finlândia! Entrevistador: Ah, é mesmo? Eu sei que você tem vivido por um tempo no Havaí, correto? Lauri: Certo, eu morei lá nos últimos 3 anos. Entrevistador: E que tal a mudança de clima de uma praia ensolarada para as congelantes cidades finlandesas? Lauri: Eu adoro, é a melhor coisa! Amo ter a possibilidade de ambos fazerem parte da minha vida. Sempre acreditei que dentro de mim eu tenho um lado obscuro e um lado luminoso, e eu realmente preciso de ambos. Se estou feliz demais, se estou muito iluminado, muito ao sol, na verdade eu fico muito triste. Então eu preciso ficar triste para poder voltar a ficar feliz. Entrevistador: Sim, te entendo perfeitamente. Nos conte um pouco sobre como você lidou com esta situação. Sei que já começamos a ver a luz no fim do túnel, mas tem sido um ano difícil não só para vocês ou para o mundo do entretenimento, mas sim para o mundo inteiro. Então, como vocês lidaram com a pandemia? Porque sei que o seu último show foi aqui na Cidade do México... Lauri: É isso, tínhamos planejado terminar a turnê na Cidade do México e conseguimos fazer esse último show, então fomos muito sortudos. Muitos artistas tiveram que cancelar as suas turnês, então tivemos sorte. Nós já tínhamos planejado entrar para o estúdio na primavera passada (hemisfério norte), então estávamos indo bem de tempo. Mas quando o mundo fechou foi muito difícil, não podíamos nos ver mais, você sabe? Eu estava no Havaí; Eero, nosso baixista, estava na Austrália; o guitarrista e o baterista, na Finlândia; o produtor na Inglaterra. Então estávamos pelo mundo todo… Entrevistador: E a sua gravadora está na Suécia, certo? Lauri: Exato! Entrevistador: Assim vocês estavam por todos os lados… Lauri: Então nós pensávamos: como diabos vamos fazer isso agora? Tínhamos o estúdio agendado e tudo parecia bem, mas de repente tudo foi cancelado. No início obviamente eu fiquei irritado e triste, mas depois pensei que poderia ter sido pior para mim. Muita gente está em uma situação bem pior que a minha, então eu não posso reclamar, eu só tinha que me recompor e tínhamos que fazer isso. Começamos a trabalhar online, de forma remota. Eu gravava meus vocais no Havaí, Pauli as suas guitarras e Eero o seu baixo na Austrália. Enviávamos arquivos e tentávamos criar algo, mas foi divertido tentar uma nova forma de fazer música. Entrevistador: Então mesmo apesar de viverem em lugares distantes, essa foi a primeira vez que vocês trabalharam remotamente? Lauri: Sim, porque eu acredito na interação com as pessoas, estar na mesma sala, se divertindo e passando o tempo juntos e talvez fazer algo de música, sabe? De modo que se divertir e aproveitar os bons momentos com os seus amigos é o mais importante, e depois algumas boas ideias poderiam chegar. Então eu fiquei realmente devastado no início, mas com a longa história e amizade que nós temos juntos - ainda somos melhores amigos depois de 25 anos - eu pensei que poderíamos contornar a situação e fazer isso. Talvez não fosse a melhor forma de fazê-lo, e inclusive em alguns momentos eu me senti isolado e solitário. Mas como artista eu pude usar isso a meu favor e pensar “ok, vamos ser criativos”, sabe? Isso poderia ser o tema do álbum, escrever sobre essas ideias e esses sentimentos, então também foi algo inspirador. Entrevistador: E afinal de contas, o The Rasmus sempre foi uma banda melancólica, algo triste, profundo e introspectivo. Você acha que esses tempos que ressoam com essa descrição, ajudaram você a escrever músicas mais ao estilo do The Rasmus? Lauri: Sim, definitivamente adicionou uma camada extra de melancolia. Porque já antes da COVID o meu conceito para o álbum era a solidão, e depois me dei conta de que todos nós estávamos na solidão, isolados uns dos outros, então fiquei como “ah, cara!” isso foi um presságio, sabe? Eu já estava trabalhando nesse conceito e então isso tudo aconteceu, foi estranho. Mas como eu disse, foi também um bom momento de cavar fundo no meu próprio interior. Eu passei um bom tempo com meus pensamentos, talvez até demais, em alguns momentos pensei que ficaria louco. Mas foi interessante cavar fundo e pensar na minha vida, em conceitos como o carma, no que eu já fiz na minha vida, que efeito causarei nos demais ou como isso afetará o futuro. E isso se tornou a ideia da canção Bones, que é o primeiro single. Ela é sobre o carma. Eu acho que cada canção do álbum tem um significado muito especial, elas não são somente algumas canções soltas ou histórias aleatórias. E eu realmente senti que devia escrever cada canção e expressar sentimentos específicos em cada pedaço, parecia significativo. De modo que talvez o fato de que nós não fazemos álbuns a cada ano, eles se tornam melhores, porque nós investimos um pouco mais de tempo vivendo e depois podemos expressar essas vivências através das canções. Sempre escrevemos 100 músicas e depois escolhemos 10 para que sejam as melhores. Nós tentamos fazer álbuns que sejam bons o tempo todo. Entrevistador: Entendo completamente, isso ajuda a imprimir mais vida em suas canções. E agora que você menciona Bones, algo que me chamou muito a atenção foi a letra. Acho que o som geral é algo que se esperaria do The Rasmus. Vocês nunca tiveram medo ou colocaram limitações no seu processo criativo, ao envolver novos elementos em seu som. Mas quanto à letra, no primeiro verso você está colocando uma situação na qual diz “o fim está escrito” e tudo está indo mal, nós podemos relacionar assim. No entanto, depois no refrão você canta “e toda vez que me beija, meu coração se transforma em pedra”. Portanto, quando esperávamos uma virada para algo mais positivo, você continua nas trevas. Então, o que você estava tentando dizer, especificamente, ao fazer essa mudança para o refrão? Não sei se você me entende, mas acho que quando você começa o refrão dizendo “e” ou “mas”, se espera algo diferente. Mas não foi assim, e isso o fez muito mais interessante para mim. Lauri: Uau, você realmente escutou a canção, eu fico muito feliz! Bom, eu normalmente não gosto de revelar muito sobre as intenções das canções porque isso as simplificaria. Mas existem muitas histórias pessoais ou situações nessa canção que eu vivi, e elas podem ser diferentes. Não é tudo sobre beijar ou ser infiel ou algo assim, mas podem ser coisas diferentes, inclusive pode ser algo entre os seus pais. Simplesmente saiu dessa forma, enquanto eu pensava no carma de diferentes perspectivas. Entrevistador: Agora, voltando a falar um pouco sobre o México, já mencionamos que seu último show foi aqui antes da pandemia, então o que você pode nos dizer a respeito dos seus fãs mexicanos? Sei que são especialmente intensos e isso não acontece com todas as bandas, então a que você acha que se deve isso vindo de um lugar tão diferente e distante do México? Sobretudo ao longo de 25 anos, o que isso significa para vocês? Lauri: Em primeiro lugar, desde a primeira vez que viemos ao México, acho que em 2003, eu me lembro de alguns rostos, algumas pessoas que conheci quando tocamos aí no Salón 21, um local de shows pequeno… Entrevistador: Um lugar que nem existe mais… Lauri: Sim, eu sei… Mas eu me lembro de certas pessoas, eu ainda as reconheço, que ainda vão nos esperar no aeroporto ou no hotel. Então é incrível que existam pessoas que tenham dedicado quase 20 anos das suas vidas à nossa banda. Eu respeito muito isso, é maravilhoso. Temos uma relação muito especial com o México, a maioria dos nossos seguidores no Instagram são daí. E inclusive nós seguimos trabalhando com muitas pessoas da equipe com as quais começamos, então é quase uma questão familiar. É sempre uma sensação agradável, como uma volta ao lar. Eles já sabem inclusive a quais lugares nos levar para comer ceviche e tacos. Mal posso esperar pra voltar porque é sempre incrível. E nós sempre reservamos tempo extra para aproveitar a visita, especialmente para os rapazes que viajam saindo daqui da Finlândia, é uma viagem muito longa então é bom aproveitá-la como férias e ir a lugares diferentes. Entrevistador: Então você diria que a relação especial é mútua, mas o que você acha que é o que você mais gosta do México? Lauri: Eu? Acho que é a sensação de se sentir bem-vindo. É um pouco chocante que as pessoas sempre querem te abraçar e te beijar, não sei como é agora com a COVID… Entrevistador: Tem sido uma luta constante, porque é parte da nossa natureza… Lauri: “Ahhh, eu quero muito te beijar, mas eu não posso!” Entrevistador: Sim, é sempre desconfortável, porque temos que nos perguntar se é ok cumprimentar, ou se é melhor de longe. Está sendo difícil… Lauri: Até mesmo na Finlândia, onde não costumamos nos beijar, também tem sido incômodo não saber direito se vai cumprimentar com o cotovelo ou o punho… Entrevistador: Então o calor humano é o que você mais valoriza de seus fãs mexicanos? Lauri: Sim, e a devoção, é uma sensação incrível. Ver aquelas pessoas crescerem com a gente, é uma coisa linda todas as vezes. Agora existem fãs que têm filhos e eu já conheço muitos deles, então é muito especial. Entrevistador: E agora os filhos deles se tornarão fãs do The Rasmus também... Lauri: Esse é o meu plano! Entrevistador: Agora falando sobre a Finlândia, já que você mencionou que está de volta à Finlândia nesse momento, eu acho que a cena do rock finlandesa sempre foi muito interessante para mim. Cresci escutando bandas como vocês ou o HIM, você pode me visualizar em 2003 indo a todos os lugares com meu gorro preto e se não fosse pela proibição da minha mãe, eu teria colocado penas pretas também. Então eu cresci escutando bandas finlandesas, mas agora vocês também têm bandas como o Blind Channel, que participaram recentemente do Eurovision. Então o que você acha dessa nova geração de bandas vindo de toda a Europa? Não necessariamente da Finlândia, mas eu entendo que vocês estão mais próximos do rock ou de gêneros alternativos do que nós latinos, pelo menos hoje em dia. Aqui não se escutam muitas novas propostas do rock no rádio, pelo menos na América Latina, exceto na Ruido Blanco obviamente, que é uma rádio onde apenas tocamos rock e alternativo 24x7. Mas não há muito espaço e depois quando você vê o Eurovision você escuta muito rock vindo da Europa. Então como você enxerga essa nova geração europeia e onde vocês acham que se encaixam nessa nova cena como uma banda sênior? Lauri: Bem, em primeiro lugar, estou super orgulhoso dos meus garotos da Finlândia, o Blind Channel! Tenho falado com eles algumas vezes e estou muito feliz por eles. Na verdade, eu tenho meu canal no YouTube onde faço alguns covers de músicas que foram importantes para mim ou que me inspiraram, e acabo de fazer um cover da canção deles junto com eles… Entrevistador: É parte das Bedroom Sessions? Lauri: Sim, exato. E acaba de sair, então espero que os fãs curtam bastante. Está muito legal! Entrevistador: Que ótimo! Sei que não temos mais muito tempo, então eu gostaria de encerrar essa entrevista com você primeiramente te agradecendo e depois pedindo que você nos dê uma pequena dica do que podemos esperar do próximo capítulo do The Rasmus. Lauri: Bem, sim, nós temos trabalhado muito, aproveitando que toda a banda está junta no mesmo país finalmente. Estávamos filmando videoclipes, tirando fotos e fazendo várias coisas do The Rasmus todos os dias, então temos muita coisa nova vindo por aí, fiquem muito ligados! Entrevistador: Ótimo, então finalmente você poderia mandar uma saudação para a Ruido Blanco? Sei que você já nos mandou um pequeno olá, mas poderia saudar a todos os ruidosos e ruidosas da Ruido Blanco? Lauri: Ruidosos e ruidosas? Entrevistador: Isso, exatamente, e depois o nome da estação é Ruido Blanco, então é um desafio… Lauri: Olá, sou o Lauri do The Rasmus, saudações a todos os ruidosos e ruidosas! Você está ouvindo a Ruido Blanco! Entrevistador: Foi perfeito, cara! Muito obrigado! Foi realmente um prazer ter essa oportunidade de falar com você, e eu não te desejo nada além do melhor para o próximo capítulo do The Rasmus. E apesar do seu último show ter sido aqui, nós estivemos esperando vocês desde que terminaram o show na Cidade do México. Estaremos esperando ansiosamente para que o The Rasmus volte com o novo álbum ao México! Lauri: Muito obrigado! Tenha um excelente dia, cara! Entrevistador: Igualmente, até mais! Obrigado! Tradução e postagem: Misael Beskow
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Agosto 2024
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