Aqui está um longo artigo, de 5 páginas, com a The Rasmus na nova edição da revista Soundi. A tradução na íntegra pode ser encontrada abaixo. Créditos ao Ghost Of Love pela tradução para o inglês. The Rasmus – Depois dos loucos tempos Sem mais compromissos. Sem mais ordens vindas de fora. Sem mais canções de rock forçadas. Talvez nem mesmo mais voos de última hora para Las Vegas. The Rasmus amadureceu, mas a banda também encontrou finalmente um balanço final. Nós voltamos para o último ano, para uma ensolarada tardinha de outubro. No estúdio em Estocolmo nós vivemos em uma atmosfera de alta tensão. The Rasmus voltou depois de algumas sessões de gravação anteriores para a boa e velha cidade (“nós viemos de balsa e comemos camarões, como nos velhos tempos”), e a banda pretende começar as gravações para o oitavo álbum, ainda naquela noite. As gravações estão aos cuidados do velho amigo Martin Hansen, mas a banda tem seu livre arbítrio para realizar eles mesmos o que quiserem. Sem contrato com gravadora. Sem comentários de qualquer pessoa. Como milhões de álbuns vendidos e grandes shows tocados pela banda acabaram em uma situação como esta? A busca pelas respostas leva-nos ainda mais para trás. A popularidade da The Rasmus culminou em trabalhar juntos com mundialmente conhecido produtor Desmond Child, há quase quatro anos atrás com o álbum Black Roses. O álbum então apresentou um som similar ao Hide From The Sun, embora essa marca “dark music” da banda tenha ficado completamente de fora em Black Roses. Isto veio como uma surpresa, porque Desmond já trabalhou com nomes como Aerosmith, Bom Jovi, Alice Cooper e Kiss. - “Hide From The Sun é o seguidor do primeiro álbum de sucesso internacional, Dead Letters. Naquela época tínhamos a tal sensação que Hide From The Sun também tivesse que ser rock, embora o coração da banda estava mais em canções pop. Trabalhar forçado meio que traz um prejuízo, porque a composição tem de ser totalmente sincera e livre”, diz Ylönen nos bastidores do estúdio. - “No caso do Black Roses, nós demos as rédeas nas mãos do Desmond e isto foi um meio muito extremo de fazer as coisas. Quando a autoridade é difícil demais, então a opinião própria pode ser desfocada. Ele queria compor conosco e certamente o trabalho com um produtor mundialmente conhecido soava muito mais que interessante. Desmond influenciou muito as músicas em Black Roses. Foi muito bonito, como o objetivo também era, mas o processo de trabalho abriu nossos olhos ao mesmo tempo. Percebemos então que já sabíamos muito bem essas coisas”. Depois da turnê Black Roses, as mãos da The Rasmus não estavam mais trancadas, finalmente. Os momentos de descanço vieram a calhar para a banda, que estava trabalhando por anos sem uma pausa. Depois de um período relaxante, o trabalho novamente leva a uma observação, de que o novo material não soava em nada como The Rasmus ("Em músicas de uma banda de rock é bom ter também guitarra, então a banda não tem de ir para aulas de dança"). Então Lauri teve a ideia de lançar um álbum solo – e então aconteceu que New World também funcionou como uma fonte de inspiração para o renascimento da The Rasmus. - “Eu fui para o estúdio, fiz o material solo e perguntei se existia alguém que quisesse lançá-lo. Uma liberdade como esta no processo de elaboração foi extremamente bom. Ao mesmo tempo eu percebi que a The Rasmus também tinha que trabalhar do mesmo jeito. Em outras palavras, nós fizemos todas as coisas, inclusive os vídeos promocionais e a capa do álbum; e se qualquer um quiser investir dinheiro nisto, por exemplo no marketing, então será certamente muito bom” - Lauri descreve - “Nós não estamos fazendo mais daquele jeito, com todo o tipo de pessoa no estúdios dizendo suas opiniões sobre isso. Quando nós fizemos o álbum cerca de 15 anos atrás, todos os caras da gravadora tinham 30 e tantos anos. Agora nós somos esses caras com a mesma idade, e nós sabemos como as coisas funcionam. O trabalho em estúdios de alguma forma é muito mais livre e relaxante quando nós não estamos lá para desperdiçar o dinheiro de alguém. Nós temos voltado para a música ‘prática’ e isso é ótimo. Não existe raiva ou frescura quando nós fazemos as coisas sem compromisso”. Alguém deveria de alguma forma ter a palavra final. Pauli acaba de rir sobre o fato de Lauri ter começado a dominar mais. – “Pode ser esse o caminho! Mas isto é ótimo, que nós não temos de dizer okay para o trabalho de qualquer um - além, claro, os membros da banda, mas nós todos temos o gosto muito parecido. E se isso der em briga, então eu prefiro brigar com os outros da banda do que com algum cara da gravadora. E se eu tenho de desistir das minhas próprias ideias, então é aparentemente melhor do que subordinar-me a alguém” – enfatiza o cantor. - “Mas é ótimo que nós não tivemos que brigar. Eu estava realmente feliz ao compor e gravar, quando ninguém metia seu nariz e dizia: ‘você não pode cantar assim; as pessoas não gostam disso’. Sobre aqueles comentários, veio um sentimento como ‘vai pro inferno, agora eu vou cantar como eu quero e gosto; e agora eu apenas não quero cantar sobre a perigosa mulher gato na noite de Los Angeles’”. O trabalho para o oitavo álbum da The Rasmus começou verdadeiramente durante o verão de 2011. O nome de trabalho para o álbum era Kissa ja Hiiri (Gato e Rato) e também Four Cocks (Quatro Galos). - “Não houve planejamento na agenda da sessão de estúdio, ou qualquer outra coisa. Os rapazes apenas vieram para a Finlândia; Pauli de Cingapura e Eero da Itália. Nós tivemos conversas muito agradáveis e tentamos tocar velhos riffs, mas a coisa toda estava aberta. Também tínhamos um sentimento de 'tudo ou nada'. Mas se nada tivesse nascido disto? Se não tivesse nascido nada com isso, então teríamos tentado novamente em um ano ou em cinco anos de novo” – diz Ylönen. – “Vimos através dos cartões e fomos para a sala de ensaio em Nosturi, Helsinki, todos os dias por uma par de meses. Compramos comida e bebida no posto de gasolina próximo e tivemos longos dias de trabalho entre os cabos. Nós escrevemos o material para o álbum Into do mesmo jeito, e lembramos de canções como F-F-F-Falling ainda com um bom humor. Não demorou muito até que as peças começaram a se encaixar. Ali nasceram músicas interessantes – e realmente músicas que funcionaram apenas no violão. Nós realmente não entramos em um mundo de som profundo, como acontece hoje normalmente”. - “Não havia mais nada para fazer no final do que começar a planejar a elaboração do álbum. Eu chamei Martin para Estocolmo e perguntei que tipo de compromissos ele tinha para o próximo mês. Descobriu-se que sua sessão de estúdio anterior acabou no começo de outubro. Okay, tudo pronto, vamos fazer um álbum!” Em apenas poucos meses depois, em abril de 2012 tudo estava pronto. “The Rasmus”, como foi intitulado o ultimo álbum, foi terminado depois de um longo tempo, e a banda tem focado em outras prioridades relativas ao lançamento do álbum. A banda teve, por exemplo, que ir a Tóquio para fazer o novo vídeo para o single I’m a Mess. Lauri Ylönen, sentado em um café em Helsínquia, ele tem todas as razões certas para sorrir muito: os planos preliminares para a The Rasmus finalmente começaram a se tornar realidade. - “Nós fizemos todas as coisas por nós mesmo – e então nós conseguimos o suporte em marketing da Universal. Isto veio como nos velhos tempos. Então nós também dissemos em uma entrevista: ‘A banda fez o que quis e os caras da gravadora deram o dinheiro’. Naquela época tínhamos Pekka Ruuskaa da Warner Music, que ficou rindo sobre isso” – Lauri lembra. I’m a Mess tocou nas radios por longas semanas no momento da entrevista. E não sem impressões. - “Muitas pessoas notaram que I’m a Mess soa mais como meu material solo. Ao mesmo tempo vêm na minha cabeça a bruta pressa que é escolher o single de estreia, especialmente nestes dias. Em primeiro lugar, o gosto teve um peso incrível. E ainda alguma canção teve que ser colocada no topo” – o cantor balança a cabeça. – “É claro que, sem dúvidas, eu escutei nossa música de um jeito muito diferente do que nossos fãs. Na minha opinião, I’m a Mess soa como The Rasmus deveria, e eu não colocaria a música no meu álbum solo por qualquer motivo. A música abre com um ‘Lá-maior’ (‘A-dur’ no texto original. É a Lá-maior mas tocando a primeira corda junto.); e isso é como... normal. Não trouxe a lua do céu. Depois da estreia do meu álbum solo eu tinha continuamente escrito músicas de dois diferentes jeitos; um para a The Rasmus e outro para meu trabalho solo. Foi interessante perceber que quanto eu mais componho, mais ideias novas estão nascendo”. É seguro dizer que, de qualquer forma, nesses dias The Rasmus é mais pop do que rock – quase 7 anos depois de Hide From The Sun. - “Realmente é assim. Também no estúdio houve comentários, como o Aki fechando o hi-hat (São dois pratos da bateria montados em um pedestal. Em português é chamado de ‘Chimbau’.) de modo que a música não fosse mais tão rock. Não queríamos fazer de tudo um novo Hide From The Sun. Por exemplo, em Friends Don’t Do Like That poderia ter sido realmente ruim. E também previamente nós já erramos. Agora as músicas são baseadas mais em um melancolia positiva e incentiva a tristeza. Vamos pegar como exemplo a música It’s Your Night. Lá podem ser encontradas melodias que lembram J. Karjalainen”. Nós vamos voltar um pouco para I’m a Mess e para sua letra. O tema de um remorso é fortemente presente e a questão de quão pessoal à letra é não pode ser evitada! A mesma questão pode ser apresentada também, no caso, em várias outras músicas. - “Certamente nas letras existem muitas observações pessoais, mas não há em todas as faixas. Existem também experiências de outras pessoas próximas, ou não tão próximas, de mim” – descreve Lauri. – “Claro que uma 'rock life' é divertida em seu tempo, mas algumas vezes deve-se também lembrar de ter de parar e ter uma pausa. Por sorte eu não tenho que me obrigar a alguma coisa. Eu nunca tive tal sentimento, que agora eu deveria fechar tudo e acabar com as grandes festas. Por causa da família e também de outras coisas importantes, estar sóbrio nos últimos anos tem sido natural e sensato”. Você não está sentindo falta daqueles loucos tempos? - “Como eu disse, festejar naqueles tempos era legal. A montagem, a embriaguez, trouxeram também para o show um pouco de um bizarro e energizado humor. Atualmente isto apenas parece ótimo para ser capaz de alcançar os mesmos sentimentos, sem nada a acrescentar. Também nas turnês é sempre um humor nebuloso e sentimentos cansados, se nós não festejássemos a noite toda. E se nós acrescentássemos a embriaguez e a ressaca... Bem, poderíamos pensar muito, como, a vida vai até o fim assim?” Algumas vezes durante 2003-04, quando a The Rasmus tinha que severamente fazer turnês, a velocidade era a mesma durante a turnê e também enquanto estavam em casa, tendo um pequeno descanso. - “Chegamos em casa depois da turnê por uns poucos dias, mas sobre relaxar e ajustar a vida normal, nada aconteceu. Nem sequer dormir na própria cama. Todo o tempo eu me sentia tão entediado que eu inventava o que fazer” – Ylönen lembra. – “Aconteceu então, quando sai com meus amigos para uma viagem. Uma delas durou 6 dias e incluiu um monte de acontecimentos interessantes. Como quando fomos para o pátio das igrejas ouvir South of Heaven da Slayer, enquanto adorávamos satanás. Quero dizer entre aspas. E quando nós fomos para o mercado, nós usamos algumas toucas e chapeis das forças armadas. No final a caixa não perguntou pelos documentos!” Talvez a Finlândia não oferecesse desafios difíceis para aqueles bravos viajantes. - “Nós algumas vezes imaginávamos que íamos pra Las Vegas beber. E nós fomos. Sério”. O baixista Eero Heinonen tem feito um filme na Índia – O disco rígido da camêra não funciona acima de 3 mil metrôs. O baixista Eero Heinonem não tem relaxado muito enquanto a The Rasmus está quieta. O criador do documentário Making of Black Roses tem agora gastado alguns meses na Índia fazendo um novo filme. Ainda em progresso, o título do filme é Walker (Kävelijä). - “Eu tenho pensado sobre fazer filmes durante o passar dos anos. A decisão final nasceu quando eu estava lendo o livro de Tero Tähtinen sobre caminhar. Eu trabalho no projeto como diretor e produtor, mas eu algumas vezes apareço também em frente às camêras. No papel principal, está de novo meu amigo Leo Honkonen. Walker é feito para televisão, mas a apresentação no cinema não é impossível também”. O que acontece no filme? - “Saindo da rodinha de caminhar do hamster e da falta de rumo, um jovem finlandês vai para o Himalaia e para a Índia procurando pela verdade e por opções. Na estrada o personagem principal percebe que ele tem de ser corajoso e dar a vida. Andar nas montanhas é o ato principal no filme”. Como foi trabalhar na Índia? - “Todo tipo de coisas acontece lá. Nós não poderíamos, por exemplo, nos preparar para o fato que o HD da câmera parasse de funcionar acima de 3.300 metros. Algumas vezes também muitas pessoas vieram junto com a gente – parecia como se nós tivéssemos uma apresentação de palco. Com certeza também as doenças diarreicas pertenceram na jornada. Eu vomitei no pátio de um monastério, bem a frente, quando eu disse para o ator ‘por favor’. Geralmente têm impacto também os corpos queimados da cidade santa de Varanasi e o rio Ganges. E a praia de Ganapatipulen e o mar. E claro os trens indianos. Nós viajamos com esses nas últimas 25 horas”. A música tem um grande papel em Walker? “Os temas são tratados com muita música e humor, com menos conversa. Lauri Porra (baixista da Stratovarius) compôs o arranjo principal do filme, e a música do filme também será lançada em um disco separado, na qual trabalharam, dentre outros, James Black e Nicky Wells. Eu posso também encaixar as vozes e os efeitos, mas com certeza eu não comporia.” Qual é a agenda do filme? “O filme estará pronto o mais tardar em dezembro. Seria ótimo mostrar alguns minutos do trailer, por exemplo, no Flow-festival (um festival realizado na Finlândia)”. Tradução inglês-português: Jessica Carvalho Abaixo você pode conferir os scans do artigo. Créditos ao The Rasmusology por compartilhar as imagens conosco!
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